quarta-feira, maio 27, 2009

Grandes Navegações - 6ª serie (Expansão Maritima)

As grandes Navegações

As grandes navegações tiveram início no século XV.
Os europeus começaram a desenvolver o comércio entre a Europa e o Oriente (na Ásia, principalmente na região das índias).
Os produtos de maior valor comercial na época eram:
as chamadas especiarias (cravo, canela, noz-mascada, gengibre).
sedas, porcelanas, tapetes, perfumes, marfins, pedras preciosas etc.

A pimenta

De todas as especiarias existentes no Oriente e cobiçadas pelos europeus, nenhuma era mais importante e mais valiosa do que a pimenta. Hoje considerada mero condimento, a pimenta, nos séculos XVI e XVII, era artigo de fundamental importância na economia européia. Como não havia condições de se alimentar o gado durante o rigoroso inverno da Europa setentrial, a quase totalidade dos rebanhos era abatida por volta do mês de novembro. O sal era usado para preservar a carne por vários meses, mas a pimenta e, em menor escala, o cravo eram considerados imprescindíveis para tornar o sabor das conservas menos repulsivo. Na Europa, o preço da pimenta era altíssimo e na Índia os hindus só aceitavam trocá-la por ouro. Os portugueses chegaram a trazer cerca de 30 mil quintais por ano (quase 2 mil toneladas ) de pimenta da Índia para Lisboa.


Esses produtos eram originários da Índia, da China e do Ceilão, e chegavam às cidades de Alexandria e Constantinopla, trazidos pelos árabes.
Essas mercadorias eram comercializadas na Europa por preços muito elevados, pelos comerciantes italianos das cidades de Veneza e Gênova.
Portugal e Espanha ambicionavam fazer esse comércio, diretamente com as Índias, comprando os produtos e vendendo-os por preços elevados.

O pioneirismo português

Alguns estudiosos do passado atribuíram o pioneirismo português na expansão marítima à sua posição geográfica privilegiada. Outros consideram o fechamento do comércio no Mediterrâneo pelos turcos como fator determinante para a saída portuguesa. São teses inaceitáveis. Para os historiadores de hoje, o pioneirismo de Portugal está ligado à precoce centralização política. Vejamos o por quê.

Do Mediterrâneo para Atlântico

Desde a Antiguidade, a história do Ocidente esteve restrita à navegação no Mediterrâneo. No início da Idade Moderna, o oceano Atlântico era totalmente desconhecido.
A navegação limitava-se à região costeira da Europa: de Portugal aos países escandinavos- Dinamarca, Noruega e Suécia.
Devido aos altos riscos, a exploração do Atlântico não atraía investimentos particulares. Em conseqüência , a expansão só poderia ser feita com a iniciativa do Estado, pois era o único agentes capaz de investir grandes recursos sem temer os prejuízos, já que esses recursos provinham da arrecadação de impostos em escala nacional. Daí a importância da centralização, sem a qual esse agente investidor da expansão marítima não existiria.
Na realidade, a constituição do Estado nacional ou a centralização política foi um pré-requisito da expansão. Assim, depois de Portugal, lançaram-se à expansão, sucessivamente, Espanha, Países Baixos, França e, finalmente, Inglaterra, à medida que lograram a centralização.
No caso de Portugal, deve-se mencionar ainda a importância da Escola de Sagres, dirigida pelo infante D. Henrique, o Navegador.
O Estado financiava as pesquisas e as viagens de exploração, estabelecendo, em compensação, o monopólio régio do ultramar.

O Senhor das Estrelas

De acordo com certos depoimentos (bastante controversos), o Infante D. Henrique era alto, forte e loiro, devido à herança genética de sua mãe, a inglesa D. Filipa. Sendo ou não um tipo anglo-saxônico, D. Henrique seria visto por historiadores britânicos e lusos como o mais puro exemplo de virtude e ética cavalerianas. Biografias inglesas publicadas no século XIX o apresentariam como um cavaleiro arturiano (ao lado), cercado de comólografos similares ao mago Merlin e de cavaleiros ousados e indômitos. Na vida real, D. Henrique de fato interessava-se por ocultismo, chegando a escrever um livro chamado Segredo dos Segredos da Astrologia. Zurara, se biógrafo, atribuiu as "altas conquistas" do príncipe ao fato de ele "ter o ascendente de Áries, que é a casa de Marte, Aquário na casa de Saturno e o sol na casa de Júpiter".



A Espanha e o "descobrimento" da América

Enquanto os portugueses exploravam a costa africana e descobriam o caminho para a Índia, os espanhóis, através de Cristóvão Colombo, chegavam à América (1492).
A audaciosa viagem de Colombo tinha por objetivo atingir a China através do Atlântico. Nesse sentido, a América era um obstáculo e, de imediato, não despertou interesse da Coroa espanhola. O mesmo aconteceu com o Brasil, em 1500, quando aqui chegou a esquadra de Pedro Álvares Cabral.
Com a entrada em cena da Espanha, teve início uma disputa dos domínios de além-mar com Portugal. O acordo foi estabelecido com o Tratado de Tordesilhas (1494), que dividiu os domínios respectivos entre os dois Estados.

Por esse motivo, resolveram procurar um novo caminho para as Índias, viajando pelo Oceano Atlântico, contornando o sul da África.
Começou nesse período a época das Grandes Navegações.
Contribuíram para o desenvolvimento das navegações:
a procura de um novo caminho para as Índias.
as invenções: caravela, bússola, astrolábio, pólvora, papel e imprensa.

As Invenções

Algumas invenções contribuíram para o desenvolvimento do comércio, possibilitando a realização de longas viagens marítimas.
Entre essas invenções, temos:
A bússola, um instrumento usado para orientação. Consta de uma agulha imantada voltada para o Norte.
As caravelas, que tornaram as viagens mais rápidas.
O astrolábio, outro instrumento de orientação usado para verificar a altura dos astros.
A pólvora, usada pelos navegantes para se defenderem dos ataques, durante as viagens.
O papel e a imprensa, que permitiram a divulgação dos acontecimentos sobre Geografia, ciências e Navegações.

O que foram as grandes navegações?
As grandes navegações foram um conjunto de viagens marítimas que expandiram os limites do mundo conhecido até então. Mares nunca antes navegados, terras, povos, flora e fauna começaram a ser descobertas pelos europeus. E muitas crenças passadas de geração a geração, foram conferidas, confirmadas, ou desmentidas. Eram crenças de que os oceanos eram povoados por animais gigantescos ou que em outros lugares habitavam seres estranhos e perigosos. Ou que a terra poderia acabar a qualquer momento no meio do oceano, o que faria os navios caírem no nada.

Os motivos
O motivo poderoso que fez alguns europeus desafiar o desconhecido, enfrentando medo, foi a necessidade de encontrar um novo caminho para se chegar às regiões produtoras de especiarias, de sedas, de porcelana, de ouro, enfim, da riqueza.

Outros fatores favoreceram a concretização desse objetivo:

• Comerciantes e reis aliados já estavam se organizando para isso com capitais e estruturando o comércio internacional;

• A tecnologia necessária foi obtida com a divulgação de invenções chinesas, como a pólvora (que dava mais segurança para enfrentar o mundo desconhecido), a bússola, e o papel. A invenção da imprensa por Gutenberg popularizou os conhecimentos antes restritos aos conventos. E, finalmente, a construção de caravelas, que impulsionadas pelo vento dispensavam uma quantidade enorme de mão-de-obra para remar o barco como se fazia nas galeras nos mares da antiguidade, e era mais própria para enfrentar as imensas distâncias nos oceanos;

• Histórias como a de Marcopolo e Prestes João aguçavam a imaginação e o espírito de aventura;

• Até a Igreja Católica envolveu-se nessas viagens, interessada em garantir a catequese dos infiéis e pagãos, que substituiriam os fiéis perdidos para as Igrejas Protestantes.

Os pioneiros
Os dois primeiros países que possuíam essas condições favoráveis eram Portugal e Espanha.

Portugal, conhecedor de que as Índias (como genericamente era chamado o Oriente), ficava a Leste, decidiu navegar nessa direção, contornando os obstáculos que fossem surgindo. Optou pelo Ciclo Oriental.

Já a Espanha apostou no projeto trazido pelo genovês Cristóvão Colombo, que acreditava na idéia da esfericidade da terra, e que bastaria navegar sempre em direção do ocidente para se contornar a terra e se atingir as Índias. Era o Ciclo Ocidental. E a disputa estava iniciada entre os dois países.

Conquistas portuguesas
Partindo de Lisboa, após a benção do sacerdote e da despedida do povo, caravela após caravela deixava Portugal, voltando com notícias e lucros sempre crescentes. Inicialmente contornando a África em:

1415 conquistaram Ceuta;

durante o século XV o litoral da África e Ilha da Madeira, Açores, Cabo Verde e Cabo Bojador;

1488 chegaram ao Sul da África, contornando o Cabo da Boa Esperança;

1498 atingiram a Índia com Vasco da Gama. O objetivo fora atingido.

Conquistas espanholas
A Espanha começou a navegar mais tarde, só após conseguir expulsar os árabes de seu território.

Mas em 1492, Cristóvão Colombo obteve do rei espanhol as três caravelas, Santa Maria, Pinta e Nina, com as quais deveria dar a volta ao mundo e chegar às Índias. Após um mês de angústias e apreensões chegou a terra firme, pensando ter atingido seu destino. Retorna à Espanha, recebendo todas as glórias pelo seu feito.

Portugal apressou-se a garantir também para si as vantagens dessa descoberta e, em 1494, assinou com a Espanha o famoso Tratado das Tordesilhas, que simplesmente dividia o mundo entre os dois pioneiros das grandes navegações. Foi traçada uma linha imaginária que passava a 370 léguas de Cabo Verde. As terras a Leste desta linha seriam portuguesas e as que ficavam a Oeste seriam espanholas. Foi assim que parte do Brasil ficou pertencendo a Portugal seis anos antes de Portugal aqui chegar.

Infelizmente para Colombo, descobriu-se pouco depois que ele não havia chegado às Índias, e "apenas" tinha descoberto um novo continente, que recebeu o nome de América, em homenagem a Américo Vespúcio que foi o navegador que constatou isso.

Colombo caiu em desgraça, morreu na miséria e a primeira viagem em torno da terra foi realizada em 1519 por Fernão de Magalhães e Sebastião del Cano.


O mapa-múndi antes da expansão marítima européia.


Usualmente, para compreendermos o advento das grandes navegações, fazemos uma associação entre o reavivamento comercial da Baixa Idade Média, a formação dos Estados Nacionais e a ascensão da burguesia para compreendermos tal experiência histórica. A primeira nação a reunir esse conjunto de características específicas foi Portugal, logo depois da Revolução de Avis.

Com essa revolução, ocorrida em 1385, Portugal promoveu uma associação entre sua nascente burguesia mercantil e o novo Estado Nacional ali consolidado. Desde o reino de Dom João I, Portugal sofreu um processo de uniformização tributário e monetário capaz de ampliar os negócios da burguesia e fortalecer economicamente a Coroa. Nessa época, as especiarias orientais eram de grande valia e procura no mercado Europeu. Desde o século XII, a entrada dos produtos orientais se dava pelo monopólio exercido pelos comerciantes italianos e árabes.

Visando superar a dependência para com esse dois atravessadores, Portugal promoveu esforços para criar uma rota que ligasse diretamente os comerciantes portugueses aos povos do Oriente. Dom Henrique (1394 – 1460), príncipe português, reuniu na cidade de Sagres vários navegantes, cartógrafos, marinheiros e cosmógrafos dispostos a desenvolver conhecimentos no campo marítimo. Objetivando contornar o continente africano, o século XV assistiu o desenvolvimento da expansão marítima de Portugal. No ano de 1435, um grupo de 2500 desembarcou nas Ilhas Canárias dando início à formação das primeiras colônias portuguesas.

Em seguida, os portugueses partiram ao Cabo do Bojador, no litoral africano, até então definido como um dos limites máximos do mundo conhecido. Em 1434, o navegador Gil Eanes, ultrapassou o cabo abrindo portas para a conquista lusitana sob o litoral africano. Depois de formar novos entrepostos pela Costa Africana, um novo limite viria a ser superado. Em 1488, Bartolomeu Dias chegou ao Cabo da Boa Esperança definindo mais nitidamente a possibilidade de uma rota para o Oriente. Dez anos mais tarde, o navegador Vasco da Gama chegou à cidade indiana de Calicute e voltou a Portugal com uma embarcação cheia de especiarias.

No meio tempo em que Portugal despontou em sua expansão marítima, a Espanha se envolveu no processo de expulsão dos mouros da Península Ibérica. O fim da chamada Guerra de Reconquista possibilitou a inserção dos espanhóis na corrida de expansão marítima. Atraídos pelo projeto do navegador genovês Cristóvão Colombo, a Espanha decidiu financiar a expedição do explorador italiano, em 1492. De acordo com o plano de Colombo, seria possível alcançar-se o Oriente navegando-se pelo Ocidente. Dessa aventura marítima, a Coroa Espanhola descobre o continente americano. A partir de então, a Espanha inaugurou uma nova área de exploração econômica.

Abrindo a rivalidade entre Portugal e Espanha, ambos os reinos buscaram assinar tratados definidores das regiões a serem por cada um deles. Em 1493, a Bula Intercoetera estabeleceu as terras a 100 léguas de Cabo Verde como região de posse portuguesa. No ano seguinte, Portugal solicitou o alargamento das fronteiras para 370 léguas de Cabo Verde. Essa revisão abre uma discussão sobre a possibilidade de navegadores portugueses já conhecerem terras ao sul do continente americano.

No ano de 1500, o navegante português Pedro Álvares Cabral anunciou a descoberta do Brasil. Com isso, os processos de exploração da América e a transferência do eixo econômico mundial iniciaram um novo período na economia mercantil européia. Ao longo do século XVI, outras nações, como Holanda, França e Inglaterra questionaram o monopólio ibérico realizando invasões ao continente americano e praticando a pirataria.

Por Rainer Sousa

3 comentários:

mariana disse...

quem fez é uma pessoa sem humor sem humor e eu que

anônima

joao.mafia1515 disse...

ruim muito ruim mesmo

Miguel Silva Blasque disse...

oi,sou uma criança de 9 anos e gostei muito do seu texto sexto ano


Um marco na história de São Paulo e, apesar de não termos vencido, forçamos o governo a aprovar (2 anos depois) uma nova Constituição. Em li...