quarta-feira, maio 27, 2009

Crise de 1929

Com o término da Primeira Guerra Mundial os Estados Unidos passaram a ser o grande nome do capitalismo mundial. De maior devedor, o país passou a posição de maior credor mundial, pois concederam grandes empréstimos a outros países, vencedores e perdedores. Além disso, investiram na reconstrução da Europa e, ao mesmo tempo exportavam bastante para esse continente.

Porém, a partir de 1925, apesar de toda euforia, a economia norte-americana começou a ter sérios problemas. Enquanto a produção industrial e agrícola desenvolveu-se num ritmo acelerado, o aumento salarial foi muito lento. Além do mais, em conseqüência da progressiva mecanização da indústria e da agricultura o desemprego foi crescendo consideravelmente.

Após recuperarem-se dos prejuízos da guerra, os países europeus passaram a comprar cada vez menos dos Estados Unidos e a concorrer com o mesmo nos mercados internacionais. Pela falta de consumidores externos e internos, começaram a sobrar enormes quantidades de produtos no mercado norte-americano, caracterizando, assim, uma crise de superprodução, ou seja, muita mercadoria e poucos consumidores.

Na tentativa de controlar essa crise, os agricultores passaram a armazenar cereais. Para isso, tiveram que pedir empréstimos aos bancos, oferecendo suas terras como garantia, muitos perderam seus bens. Já as indústrias se viram forçadas a desacelerar o ritmo da produção e, conseqüentemente, a despedir milhares de trabalhadores, o que afetou ainda mais o mercado consumidor.

A Queda da Bolsa de New York

Apesar da crise vivida naquele momento, os pequenos, médios e grandes investidores mantiveram suas especulações com ações. Isto é, comercializavam esses papéis por valores que não condiziam com a real situação das empresas. No entanto, chegou o momento em que a crise atingiu a Bolsa de Valores de New York, um dos importantes centros do capitalismo mundial. Os preços das ações começaram a cair, os acionistas entraram na corrida para tentar vendê-las, mas não havia pessoas interessadas. No dia 29 de outubro de 1929, havia cerca de 13 milhões de ações à venda, mas faltavam compradores. O que resultou na queda dos preços das ações, provocando a quebra (crash) da Bolsa de New York.

New Deal

Em 1932, com a promessa de solucionar os efeitos alarmantes da crise de 1929, Franklin Roosevelt foi eleito presidente dos Estados Unidos. Assim que assumiu o governo, pôs em prática um conjunto de medidas para tentar solucionar a crise, as quais ficaram conhecidas como New Deal. Com a adoção desse plano, o governo se desligava das idéias liberais, e passava a praticar o intervencionismo econômico. As principais medidas do New Deal foram:

• Concessão de empréstimos a empresários urbanos e rurais, que haviam falido com a crise;
• O governo passava a controlar a produção e os preços de grande parte dos produtos industriais e agrícolas;
• Construção de grandes obras públicas;
• Elevação dos salários, diminuição da jornada de trabalho e legalização de sindicatos.
• Criação do salário-desemprego e da assistência aos inválidos e velhos.

Crise de 1929

Crise de 1929

No início do século XX, os Estados Unidos viviam o seu período de prosperidade e de pleno desenvolvimento, até que a partir de 1925, apesar de toda a euforia, a economia norte-americana começou a passa por sérias dificuldades. Podemos identificar dois motivos que acarretaram a crise:
- O aumento da produção não acompanhou o aumento dos salários. Além de a mecanização ter gerado muito desemprego.
- A recuperação dos países europeus, logo após a 1ª Guerra Mundial. Esses eram potenciais compradores dos Estados Unidos, porém reduziram isso drasticamente devido à recuperação de suas econômicas.

Diante da contínua produção, gerada pela euforia norte-americana, e a falta de consumidores, houve uma crise de superprodução. Os agricultores, para armazenar os cereais, pegavam empréstimos, e logo após, perdiam suas terras. As indústrias foram forçadas a diminuir a sua produção e demitir funcionários, agravando mais ainda a crise.
A crise naturalmente chegou ao mercado de ações. Os preços dos papéis na Bolsa de Nova York, um dos maiores centros capitalistas da época, despencaram, ocasionando o crash (quebra). Com isso, milhares de bancos, indústrias e empresas rurais foram à falência e pelo menos 12 milhões de norte-americanos perderam o emprego.

Abalados pela crise, os Estados Unidos reduziram a compra de produtos estrangeiros e suspenderam os empréstimos a outros países, ocasionando uma crise mundial. Um exemplo disso é o Brasil, que tinha os Estados Unidos como principal comprador de café. Com a crise, o preço do café despencou e houve uma superprodução, gerando milhares de desempregados no Brasil.

Para solucionar a crise, o eleito presidente Franklin Roosevelt, propôs mudar a política de intervenção americana. Se antes, o Estado não interferia na economia, deixando tudo agir conforme o mercado, agora passaria a intervir fortemente. O resultado disso foi a criação de grandes obras de infra-estrutura, salário-desemprego e assistência aos trabalhadores, concessão de empréstimos, etc. Com isso, os Estados Unidos conseguiram retomar seu crescimento econômico, de forma gradual, tentando esquecer a crise que abalou o mundo.


Crise de 1929 e Revolução de 1930

Aníbal de Almeida Fernandes,
Agosto, 2006.


A famosa crise do café que faz parte da história de tantas famílias paulistas que sofreram suas duras conseqüências começa na realidade em 1920, devido ao contínuo, descontrolado e excessivo aumento da produção do café cuja safra chegava a espantosos 21 milhões de sacas para um consumo mundial de 22 milhões.
Já havia uma série de falências e concordatas muito antes da quebra de Wall Street em Outubro de 1929, assim sendo, só em Setembro de 1929 o Correio da Manhã anunciava 72 falências e concordatas!
1927: O Brasil exportou 15.115.000 de sacas de café.
1928: Houve mais uma enorme safra porem a exportação caiu para 13.881.000 sacas (menos 11%) já que os EUA, França, Itália, Holanda e Alemanha, que compravam 84% da produção brasileira, estavam comprando de outros países irritados com o Brasil, pois a nossa fama de exportador de café era péssima uma vez que aqui se misturavam pedras, terra e gravetos para aumentar o peso das sacas, alem de incluir café de qualidade inferior adulterando o produto final.
Para piorar o contexto, em Outubro de 1929 os fazendeiros ainda estavam exportando a safra de 1927!! e a safra de 1928 estava toda ela retida nos armazéns de valorização de café que eram gerenciados pelo Instituto do Café que fora criado em São Paulo para apoiar financeiramente os fazendeiros paulistas com auxílio do governo federal.
Em Outubro de 1929 o Herald Tribune informava que 2/3 do café consumido no mundo inteiro era produzido em São Paulo e que o café representava ¾ das exportações brasileiras e, por conta da crise mundial, o país estava em precária situação financeira.
Previa-se um déficit de 120.000 contos de réis no orçamento de 1930.
A falta de planejamento e controle sobre a produção do café era total e suicida, pois o consumo mundial era de 22 milhões de sacas e o Brasil sozinho, produzia essa quantidade sem mercado comprador determinado.
1929: a safra projetada para 13,7 milhões de sacas chega a mais de 21 milhões e a exportação diminuía cada vez mais!
A crise nos EUA começou a 19/10/29 com a dificuldade de se levantar meros US$ 100.000 em fundos do governo americano. A crise arrastou milhões de pessoas na chamada matança dos inocentes (a famosa quinta feira negra de 24/10/29), onde pessoas ingênuas perderam tudo o que possuíam já que, em poucas horas, 12.894.650 ações trocaram de dono provocando uma das quedas de Bolsa de Valores mais drásticas da história e provocando a miséria de milhares de famílias nos EUA.
Em Outubro de 1929 o governo federal brasileiro pretendia emprestar US$ 50 milhões para permitir que o Instituto do Café ajudasse os fazendeiros, só que o governo americano recusou o empréstimo, pois não havia mais dinheiro disponível nos EUA para empréstimo externo e a crise de Wall Street alastrou-se para o mundo.
Um empréstimo de emergência de US$ 10 milhões da Schroeder and Company foi feito para alavancar o banco do Estado de São Paulo tendo como único motivo a necessidade de financiar o Instituto do Café de São Paulo e tentar evitar a quebradeira geral dos fazendeiros paulistas.
A queda das exportações do café diminuiu as importações de outros produtos e os negócios encolhem e provocam o fechamento de empresas. O comércio e a industria diminuem o movimento com a recessão e como não havia dinheiro na praça as fabricas quebram gerando um enorme desemprego.
O achatamento dos negócios provoca a ruína, a desonra e a desgraça das famílias, outrora abastadas, e muitos fazendeiros se suicidam ao se verem na miséria, alguns em desespero chegam a recorrer ao jogo para tentar salvar o patrimônio do naufrágio final.
A derrocada financeira que devasta os EUA, Europa e América Latina piora todo dia gerando o desemprego e a miséria e preparando o cenário para a 2ª guerra mundial.
No Brasil:aparecem notícias de falências, concordatas e tragédias familiares:

- No Rio a tradicionalíssima firma Oswaldo Tardim & Cia quebra com um passivo de 3.359.534$900, que era uma enorme quantia para a época!
- Em São Paulo a população está estarrecida com a tragédia do palacete da rua Piauí no bairro de Higienópolis onde o empresário Abelardo Laudel de Moura de 28 anos, afogado em dívidas se arma com uma navalha e tenta matar a mulher, que consegue escapar, ele degola o filho de 2 anos e a filha e, em seguida, se suicida!
- No interior o café é queimado, pois não há esperança de venda, nem há como arcar com o alto custo da estocagem do café de várias safras que não conseguem mercado consumidor e os grandes fazendeiros naufragam em dívidas e tem que vender as jóias de família para sobreviver.


Washington Luis

Esta crise econômica repercute na disputa presidencial já em conflito com a disposição de Washington Luis de romper o Pacto de Ouro Fino celebrado em 1912 que fixara a alternância de São Paulo e Minas Gerais no poder governamental, com a famosa política café com leite ao insistir no nome de seu afilhado político Júlio Prestes de São Paulo em detrimento do mineiro Antonio Carlos que deveria ser o próximo presidente pelo Pacto.
A súbita fraqueza econômica de São Paulo é o fato gerador para alicerçar a ambição política de Getúlio Vargas que mantém, dissimuladamente, a aparência de aliado confiável de Washington Luis de quem, aliás, fora Ministro da Fazenda desde o início do governo em novembro de 1926 até o final de 1927 quando Vargas sai do Ministério para assumir o governo do Rio Grande do Sul.
Algumas forças políticas vêm em Vargas a opção para se contrapor a Washington Luís e à política café com leite, opção que evolui no meio efervescente das lutas políticas e interesses de vários personagens como Borges de Medeiros, o Papa Verde, os tenentes de 1922 e 1924 (Siqueira Campos, Juarez Távora, Cordeiro de Farias), o que restara da Coluna Prestes com a facção marxista do Luis Carlos Prestes e Maurício de Lacerda, os comunistas do Paulo de Lacerda, até culminar com a deposição de Washington Luis a 24/10/1930 que acaba com a hegemonia de São Paulo e Minas Gerais e promoverá a instalação de uma nova sociedade no Brasil.
1930: a instalação do governo Vargas acaba com o poder secular de São Paulo e Minas Gerais na política brasileira e muda radicalmente a sociedade constituída pelas grandes famílias agrárias de São Paulo como fonte de poder político e econômico. Getúlio é figurinha carimbada na história do Brasil; sua lembrança tanto serve para os que o odiavam como para os que até hoje o veneram. Para os primeiros, foi o "populista" que produziu um "mar de lama"; para os outros, foi o estadista que implantou um novo modelo de desenvolvimento que, apesar de seus defeitos, perdurou por mais de 50 anos, que bem ou mal incluiu à sociedade do século 20 as massas pobres e sem direitos.
Resenha Histórica: para entender esta dança do poder no Brasil vamos voltar ao sec. XVII com o poder nas mãos dos engenhos de açúcar do nordeste que abasteciam o mundo, ao sec. XVIII com o poder nas mãos dos mineradores de ouro de Minas Gerais que reconstruíram Lisboa e enriqueceram a Inglaterra, ao sec. XIX com o poder da monocultura do café fazendo os riquíssimos barões de café do Rio de Janeiro sustentarem o Império até ter seu poder anulado pela exaustão das terras e pela abolição da escravidão, ao sec. XX com o poder do café de São Paulo e sua luxuosa belle époque ainda ligada ao poder agrário e chegando aos novos donos do poder a partir de 1930.
Resumo: a partir de Vargas, (que é uma conseqüência da Crise de 1929), o contexto social brasileiro se desloca dos grandes fazendeiros e sua estrutura social agrária e se muda para os industriais e comerciantes provenientes de uma mescla de raças/culturas/tradições diferentes, (onde predominam majoritariamente os italianos e os árabes), que se instalam como os novos mandatários do poder e do dinheiro e moldam a dinâmica social urbana da nova sociedade onde a única linguagem sem fronteiras, que todos entendem, é o dinheiro. Essa nova sociedade que se forma no país, e no mundo, segue em uma transformação acelerada até eclodir a 2ª guerra mundial. Porém há que se observar que, em todas estas transformações sociais seculares se mantém o conceito da permanência histórica das elites no comando das mudanças sociais sempre manobrando em proveito próprio.

Fontes pesquisadas para estruturar este trabalho:
Histórias de família, fonte primária.
1930, Os Órfãos da Revolução, Domingos Meirelles, Editora Record, 2006, que é a base de informação dos dados técnicos que quantificam o trabalho.
Grupos qualitativos e disputa sem qualidade, artigo de Carlos Alberto de Melo, Cientista Político, doutor pela PUC-SP, Professor de Sociologia e Política do Ibmec São Paulo.

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